A partir da alteração no sistema de tributação, as estratégias para entrega de produtos deverão ser atualizadas, com mapas de distribuição ocupando territórios mais diversificados
O avanço da reforma tributária, que teve seu projeto de regulamentação (PL 68/2024) sancionado no dia 16 de janeiro, tende a gerar uma mudança significativa no mercado logístico brasileiro. A partir da alteração no sistema de tributação, as estratégias para entrega de produtos deverão ser atualizadas, com mapas de distribuição ocupando territórios mais diversificados, em diferentes territórios do Brasil.
Isso deve acontecer já que no modelo atual, os grandes players de diferentes mercados que contam com a agilidade na entrega de mercadorias como um diferencial no negócio, precisavam considerar também os incentivos fiscais e competitividade tributária, que variam entre os municípios, como fator determinante na hora de antes de escolher a localização de seus centros de distribuição e galpões logísticos.
Com as novas regras, que passam a tributar os produtos no destino de consumo, e não mais na origem, as companhias poderão priorizar aquelas localidades que são mais estratégias para seus negócios, levando em conta a geografia e o fácil acesso às principais vias de escoamento que permitem alcançar os centros de consumo com mais facilidade.
Isso privilegia aspectos de infraestrutura e eficiência operacional, além de gerar um processo de descentralização das atividades logísticas na região Sudeste, especialmente no eixo Rio-São Paulo, que hoje comporta a maior parte dos galpões e condomínios logísticos do Brasil.
Regiões metropolitanas que ofereçam boa infraestrutura e acesso eficiente a diferentes modais vão ter cada vez mais peso na criação de novos hubs logísticos. O Nordeste e o Centro-Oeste, que contam com grande potencial econômico, devem voltar para a mira de empresas e aumentar seu protagonismo a partir da transição.
Para o consumidor final, essa descentralização pode significar ainda mais vantagens, com a redução no tempo e custos de frete, levando em conta a potencial redução de distância entre os hubs com os municípios.
Por outro lado, os municípios que passaram anos concentrando uma grande fatia de sua economia na criação de centros de distribuição, baseadas em incentivos fiscais, vão precisar desenvolver outros atrativos para manter a alta demanda, o que pode significar uma melhoria em cadeia nos aspectos de infraestrutura. Além disso, a necessidade de se adaptar a uma nova dinâmica tributária pode gerar desafios operacionais, exigindo de toda a cadeia de suprimentos novos investimentos em tecnologia e automação, para garantir eficiência e conformidade.
Essa vai ser uma grande oportunidade de modernização e aprimoramento da logística em nosso país. Ao eliminar distorções fiscais, as decisões passam a levar em conta, de fato, fatores logísticos e operacionais. A expectativa é que essa nova formatação crie um sistema mais equilibrado, com a distribuição mais justa dos investimentos pelo país e ganhos econômicos e de competitividade mais efetivos para o setor.
* Sergio Fischer é CEO da Log Commercial Properties.